Gênero: Black/Death Metal
SOBRE O ÁLBUM:
A ascensão do BEHEMOTH é uma história que pode ser contada de várias maneiras e sob diversas perspectivas. Quando alguém escreve sobre uma banda que reescreveu o livro do metal extremo por mais de 30 anos, isso é inevitável. No entanto, seria difícil capturar a essência dessa história sem focar na ambição e no poder que impulsionam a banda. Embora ambos os termos, ambição e poder, possam ser relacionados a diversas histórias, aqui sua interpretação é exata e cuidadosamente escolhida. A ambição é o cocheiro, guiando sempre para novos horizontes e visões, enquanto o poder são os cavalos, sem cuja força esses horizontes seriam apenas um sonho distante.
A nova obra prima, "The Shit Ov God", é um emblema de tudo isso. Aqui está uma banda que, após 34 anos, lança seu álbum mais inflamado e extremo até hoje. Oito músicas que mergulham nas profundezas da humanidade, da divindade e do significado do desafio, em uma era onde a individualidade é valorizada, mas todos buscam por seus salvadores?seja na música, na política ou em outras esferas. O título do álbum está alinhado com essa sensibilidade. Intencionalmente polarizador, o fundador e frontman Nergal comenta: "Escolhemos esse título provocativo de forma deliberada, rejeitando a sutileza em favor de uma declaração direta e polarizadora. É um mergulho desafiador nas profundezas, ousando buscar o absoluto, mesmo no esgoto."
Artisticamente, dar vida a uma visão sonora tão marcante não é uma tarefa simples. Além da própria banda, o BEHEMOTH escolheu meticulosamente os artistas audiovisuais envolvidos no álbum. A produção do álbum ficou sob os cuidados do inimitável Jens Bogren do Fascination Street Studios (conhecido por seus trabalhos com Emperor, Enslaved, Kreator, Rotting Christ, entre outros). Trabalhando em estreita colaboração com a banda, a habilidade de Bogren destacou o som natural do BEHEMOTH sem sacrificar o caos e a ferocidade que permeiam a essência da banda. Como sempre, os aspectos visuais foram tão cuidadosamente construídos quanto o som. A banda recorreu ao parceiro de longa data Bartek Rogalewicz (BLACK.LODGE.IS.NOW), assim como ao Dark Sigil Workshop para criar uma capa única, sombria e belamente ameaçadora.
Esse compromisso com a inovação está há muito tempo solidificado no DNA da banda. Cada álbum tem sua própria personalidade, sua própria maneira de construir sobre e se desconectar do restante do trabalho da banda. Isso resulta em uma discografia onde nenhum álbum é intercambiável. Desde os primórdios de "Sventevith (Storming Near the Baltic)" até "The Shit Ov God", o BEHEMOTH nunca se repete, mantendo-se prolífico e fiel a si mesmo. Essa evolução não acontece por acaso, mas por uma ambiciosa disciplina artística, onde, gostem ou não, a evolução é inevitável. Sobre essa evolução e o desafio de evitar a monotonia que aflige tantas bandas, Nergal comentou: "Não se trata de habilidade, mas de alma. É sobre fazer uma declaração por quem você é... Pensar ’como posso expandir esses espectros do death metal/black metal?’ E, se não pudermos ir mais longe ou rápido, iremos lateralmente. É isso que o Behemoth tem feito nos últimos álbuns."
Essa mentalidade frequentemente colocou a banda em conflito com todos os tipos de agentes da ortodoxia e mediocridade. Seja com a Igreja Católica na Polônia, que ficou perplexa com o vibrante "amor" da banda pelo seu dogma, ou com diferentes círculos do black metal que não estavam felizes com o fato de a banda ter desenvolvido sua própria personalidade, a acrimônia certamente estava por toda parte. Mas, como Nergal sempre fala: "Jogue jogos estúpidos, ganhe prêmios estúpidos." E até agora, é evidente quem é o vencedor desses conflitos. Instituições católicas tentaram várias vezes silenciar a banda nos tribunais, mas a pilha de casos que a banda venceu só cresce. Quanto aos círculos underground, o BEHEMOTH liderou a popularidade internacional do metal extremo polonês. A banda entrou nessa nova era com o aclamado "Opvs Contra Natvram", que os levou a tocar em lugares tão distantes como Califórnia, Tóquio e Sydney, assim como em festivais prestigiosos como Hellfest e Wacken, além de fazer parte de momentos ainda mais notáveis, como ser a primeira banda de metal extremo a se apresentar na Filarmônica de Paris. Enquanto isso, boa parte da oposição da banda... bem, escreveu postagens raivosas no Facebook e recuou.
Se isso soa confrontador, bem, é porque é. Poder e ambição atraem críticas. Mas essas críticas, esse diálogo, são fundamentais para as dinâmicas de poder entre a banda e seu público. É parte do motivo pelo qual "The Shit Ov God" consegue ser tão honesto e direto em relação ao seu tema, sem se esquivar de tópicos mais elevados. Faixas como ’To Drown the Svn in Wine’, que lidam com luto e morte, podem ficar lado a lado com ataques belicosos e vitoriosos como ’Sowing Salt’, precisamente por causa desse relacionamento multifacetado. A banda nunca foi, nem será, unilateral.
A sorte está lançada. Agora, o mundo do metal prende a respiração.
Texto por B. Babalon
TRACK LIST
1. The Shadow Elite
2. Sowing Salt
3. The Shit Ov God
4. Lvciferaeon
5. To Drown The Svn In Wine
6. Nomen Barbarvm
7. O Venvs, Come!
8. Avgvr (The Dread Vvltvre)
FORMAÇÃO
Adam ’Nergal’ Darski ? Vocal, Guitarra
Zbigniew ’Inferno’ Promi?ski ? Bateria, Percussão
Tomasz ’Orion’ Wróblewski ? Baixo, Backing Vocals
Músico convidado
Patryk ’Seth’ Sztyber ? Guitarra, Backing Vocals