Gênero: Blackgaze
SOBRE O ÁLBUM:
"O lugar de onde tiro a minha inspiração é um lugar de pura harmonia e luz. Sou como todo mundo: fico muito ansioso, tenho meus problemas e meus próprios demônios, mas há um lugar dentro de mim que é muito mais pacífico e harmonioso, então me inspirei nessa parte de mim, ao invés da parte escura".
À medida que o mundo em que vivemos se torna mais sombrio e desconcertante a cada dia que passa, o poder transformador da música nunca foi tão importante e vital. Formado na pequena cidade francesa de Bagnols-sur-Cèze no início do século, o ícone underground chamado ALCEST sempre foi muito claro sobre o seu desejo de levar os ouvintes para um lugar diferente e melhor. Liderado pelo fundador e multi-instrumentista Neige, os franceses têm sido uma das vozes mais consistentemente radicais em toda a cena da música pesada, com um som que evita a devoção, muitas vezes míope, do metal na escuridão pura, em favor de uma sublime mistura de escuridão com uma ofuscante luz brilhante.
O lançamento do álbum de estreia do ALCEST, "Souvenirs d’un Autre Monde" de 2007, abriu um caminho único no mundo do metal underground, suscitando grandes elogios e desaprovações fervorosas em quantidades iguais. Ostensivamente um projeto de Black Metal, Neige e companhia presenteou uma perspectiva inteiramente nova para a cena, uma perspectiva onde beleza, fragilidade, melodia e vibrações positivas coexistem com a estética rápida e furiosa do verdadeiro Metal Extremo. Influenciados quase instantaneamente, o ALCEST conseguiu estabelecer-se como uma força única, com uma série de aclamados álbuns de estúdio e com transcendentais apresentações ao vivo.
Com o primitivismo esclarecido de "Écailles de Lune" (2010), a tempestade definitiva e holística de "Les Voyages De L’Âme" (2012), o esplendor mágico e pós-rock de "Shelter" (2014) e o sombrio e dinâmico "Kodama" (2016), a visão de Neige foi apresentada nas cores mais vibrantes e reveladoras possíveis. Enquanto isso, legiões de bandas "blackgaze" com ideias semelhantes seguiram o rastro construído pelo ALCEST, mostrando para o mundo a influência profunda e duradoura dos franceses.
O sexto álbum de estúdio da banda, intitulado "Spiritual Instinct", foi lançado em outubro de 2019 e marcou outro grande marco dentro da sua história. O álbum sustentou habilmente as preocupações conceituais e musicais de conquistas passadas, enquanto levava Neige e o baterista Winterhalter, ambos mais corajosos e matizados do que nunca, a novos reinos sonoros. Inevitavelmente, os planos de fazer uma turnê divulgando o seu novo som acabaram por ser prejudicados pela pandemia global que eclodiu no início de 2020. Mas a jornada criativa do ALCEST continuou independentemente de tudo isso, e os resultados podem ser ouvidos no novo álbum da banda, "Les Chants de l’Aurore".
"Acho que todos os músicos têm mais ou menos a mesma história para contar", diz Neige. "Fizemos uma turnê pela Europa para o lançamento do último álbum e pudemos fazer um último show em Paris, mas dois dias depois começou o confinamento. Tivemos que cancelar todos os nossos planos de fazer uma turnê nos Estados Unidos e em qualquer outro lugar. Mas estivemos em tantas turnês nos últimos 10 anos que pareceu uma pausa forçada, porém necessária, para eu poder ficar em casa e me concentrar um pouco na minha família, nos meus amigos e em mim mesmo. Foi uma grande mudança nas nossas vidas sermos obrigados a ficar em casa. Você teve que rever todas as suas perspectivas, sabe? Foram tempos estranhos, mas agora quase parece que isso nunca aconteceu?"
Tendo redirecionado suas energias artísticas, Neige começou a trabalhar no sucessor de "Spiritual Instinct", novamente inspirado pela essência experiencial que o levou à vida musical inovadora de sua banda. Tal como acontece com "Souvenirs d’un Autre Mode", "Les Chants de l’Aurore" inspira-se nas experiências espirituais da infância que moldaram Neige, tanto como músico como como ser humano. Sendo um mergulho livre na própria noção de consciência e nas névoas da realidade, o sétimo álbum do ALCEST equivale a um retorno eufórico ao lar.
"Eu precisava voltar ao meu mundo interior", diz Neige. "É daí que vem a maior parte dos meus recursos e da minha inspiração para o Alcest. Os últimos discos foram bastante sombrios, porque foram influenciados por coisas que estavam acontecendo ao meu redor, como os ataques terroristas em Paris. Estamos vivendo em tempos muito sombrios. Para o novo álbum, eu queria fazer o oposto, trazer um pouco de luz para este mundo. Tudo está tão escuro, e acho que luz e beleza não são mais coisas muito familiares, especialmente no Metal. Mas meu mundo interior é muito brilhante e edificante, e pensei que seria bom fazer um disco sobre isso. Apesar do estilo geral do álbum, todas as músicas possuem temas e individualidades próprias, explorando diferentes facetas do conceito do Alcest. Este álbum é uma viagem com começo e fim que deve ser ouvida como um todo, levando o ouvinte a diversas paisagens e emoções musicais".
Gravado pelos próprios Neige e Winterhalter, contando com uma pequena ajuda de alguns amigos talentosos, "Les Chants de l’Aurore" consegue a proeza de soar gigante e íntimo ao mesmo tempo. A partir da primeira faixa ’Komorebi’, o ALCEST soa renascido e revitalizado, à medida que as suas marcas registradas mais amadas são reinventadas para uma nova era, exibindo uma nova profundidade e renovada sofisticação.
"Compramos alguns equipamentos novos e gravamos o álbum como as bandas faziam nos anos 1970", explica Neige. "Entramos nessa casa grande e a bateria foi gravada nesse sótão grande, com uma reverberação muito legal! Então foi interessante fazermos nós mesmos, porque podíamos gastar o tempo que quiséssemos para aperfeiçoar os takes. Queríamos uma produção realmente orgânica, mas eu também queria uma abordagem orquestral, com muitos arranjos e diferentes tipos de sons, como piano de verdade e coros de verdade. Foi uma gravação bastante ambiciosa".
Conhecida por ser uma banda com espírito empático, o ALCEST nunca pareceu mais feliz do que em "Les Chants de l’Aurore". Como explica o próprio Neige, as novas canções como ’L’Envol’ e a épica ’L’Enfant de la Lune’ visam neutralizar a negatividade e a escuridão que nos rodeia no chamado mundo real, com visões vagamente expressas de um lugar e tempo diferentes. Depois de lidar com os horrores abstratos da existência mortal nos discos anteriores, Neige retornou ao casulo reconfortante de sua espiritualidade e com a intenção específica de espalhar um pouco de amor e positividade.
"Este álbum está realmente voltando ao conceito original do Alcest", observa ele. "Trata-se realmente de explorar esse outro mundo, da mesma forma que escrevi sobre isso no primeiro álbum. A música deveria ser uma chave para abrir a porta para este outro mundo. É como um portão para algo mais e é um lugar que é a coisa mais linda que você poderia imaginar... mas é difícil de descrever, então é por isso que escolhi fazer música. Porque a música pode falar muito mais que palavras. Há muita beleza nisso, ao contrário do que está acontecendo no mundo, e acho que isso toca as pessoas. Estou muito grato por isso".
Cinco longos anos depois do seu último álbum, o ALCEST reuniu-se novamente com uma perspectiva renovada sobre os seus esforços musicais que alteraram uma época. "Les Chants de l’Aurore" chega num ponto tumultuado na história da humanidade, carregado de um suave charme e uma convicção feroz, e obstinadamente determinado a empurrar a identidade musical de Neige cada vez mais para um futuro expansivo. E talvez mais importante, "Les Chants de l’Aurore" dá a Neige uma nova oportunidade de se conectar com sua base de fãs, armado com algumas das músicas mais belas e hipnotizantes que ele já escreveu.
TRACK LIST
1. Komorebi
2. L’envol
3. Améthyste
4. Flamme jumelle
5. Réminiscence
6. L’enfant de la lune
7. L’adieu
FORMAÇÃO
Neige » vocal, guitarra, baixo, sintetizadores
Winterhalter » bateria